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Homenagem ao Cooperativismo

Fruto da generosidade das instituições FIESC e CNI, tivemos a elevadíssima honra de receber, recentemente, a Ordem do Mérito Industrial da Confederação Nacional da Indústria, uma das mais respeitadas honrarias concedidas pela entidade mater do empresariado brasileiro. A homenagem está verdadeiramente direcionada aos milhares de homens e mulheres nos campos e nas cidades, nas fábricas e nos escritórios que fazem a grandeza da Aurora Coop, essa cooperativa central que orgulha catarinenses e brasileiros.

Somos o resultado da vocação coletiva para o trabalho, da formação humanista, do apego às tradições, do amor à terra, do desassombro frente aos desafios, da intrepidez na superação das deficiências, da ousadia em buscar soluções sem esperar pela mão protetora do Estado – porque somos catarinenses e somos cooperativistas.

Muitas empresas familiares nasceram em Santa Catarina e se tornaram sólidos grupos nacionais. Inspirados pelos mesmos valores, cooperativas de todos os ramos da atividade produtiva, profissional e empresarial surgiram como expressão da vontade de segmentos da coletividade e se transformaram em verdadeiros colossos, levando ao Brasil e ao exterior seus produtos e seus valores.

Empresas mercantis e empresas de natureza cooperativistas fazem a grandeza de Santa Catarina na criação de empregos, na geração de riquezas e na contribuição ao erário público. Nesse cenário emerge – imponente, mas sem ostentação – a  Cooperativa Central Aurora Alimentos – nacionalmente conhecida como Aurora Coop, que ao longo de seus 56 anos construiu o maior sistema brasileiro de intercooperação. 

A Aurora Coop é o mais eloquente testemunho de que homens e mulheres podem edificar quando empolgados pelos ideais cooperativistas e embalados pela fé no associativismo. Na categoria de uma cooperativa central, a Aurora Coop reúne 14 cooperativas agropecuárias, as quais mantêm, no campo, uma extraordinária base produtiva formada por 86 mil famílias de produtores rurais cooperados. A Aurora Coop mantém um quadro funcional de 48 mil empregados diretos. O Sistema Aurora – inclusas as cooperativas filiadas – somam mais de 65 mil colaboradores. Ou seja, esse universo de trabalho e produção é formado por mais de 150 mil famílias. Nossos produtos estão em todo o Brasil e em mais de 80 países.

Menciono esses números sem jactância, mas sim como um protesto de veneração e respeito aos pioneiros que já deixaram essa dimensão, como Aury Luiz Bodanese e Mário Lanznaster, bem como os milhares de famílias rurais cooperadas que, na realidade, são os verdadeiros proprietários dessa grande organização.

São essas famílias rurais no campo que, ao lado dos milhares de colaboradores nas unidades industriais, comerciais, administrativas e de logística, formam o capital humano da Aurora Coop. É um imenso e incrível time que faz girar com precisão e eficiência as mais longas, tecnificadas e complexas cadeias produtivas da moderna agroindústria brasileira.

A trajetória da Aurora Coop nessas mais de cinco décadas e meia pode ser avaliada pelas mudanças e transformações que proporcionou ao universo rural nas vastas regiões onde atua. O objetivo supremo é elevar a qualidade de vida da família rural. Na persecução desse objetivo, a Aurora Coop ofereceu treinamento, qualificação, requalificação e formação profissional rural, transferiu tecnologias, oportunizou intercâmbio, orientou para a melhoria e infraestruturação dos estabelecimentos rurais, estimulou o engajamento com universidades e centros de pesquisa.

Foram investidos milhões de reais para transformar o produtor rural em empresário rural qualificado, informado, conectado com as mudanças e consciente dos desafios dos novos tempos. O resultado de tudo isso? Maior renda e, consequentemente, melhor qualidade de vida. Assim, honramos nosso compromisso de produzir alimento farto, acessível e de qualidade para os brasileiros e cidadãos de outros 80 países.

Desejo também, por dever histórico e por gratidão, exaltar a atuação da FIESC na defesa dos interesses da coletividade catarinense. É notório e digno de registro que a nossa Federação, sob o firme comando do presidente Mário Cezar de Aguiar, não propugna apenas em favor das indústrias, pois sempre elegeu os superiores interesses da sociedade barriga-verde ao priorizar a ação combatente e reivindicatória em todas as esferas da Administração Pública. A FIESC é um porto seguro, um lenitivo para as dores do empresariado. É melancólico reconhecer que, hodiernamente, crescem as dificuldades para empreender, produzir e trabalhar no Brasil.

É necessário coragem, determinação e resiliência para ser empresário neste País.  A carga tributária só cresce, o excesso de normas e regulamentação engessa boa parcela das atividades econômicas, as graves deficiências de infraestrutura aumentam o custo-Brasil e retiram nossa competitividade no exterior.

O Estado Brasileiro está cada vez mais inchado e ineficiente, sem nenhuma perspectiva de enfrentamento das distorções com as sempre anunciadas e sempre procrastinadas reformas política e administrativa. O Estado perdeu a capacidade de investir em infraestrutura. A assombrosa arrecadação tributária é consumida na manutenção da máquina estatal, que abriga obscenos privilégios às corporações que se abrigam dentro do aparato estatal dos três Poderes da República, em que pese, ainda, uma grande parcela de servidores modestamente remunerados.

O empresário, o trabalhador, a dona de casa, o estudante, o aposentado olham para esse quadro desolador com um misto de espanto e tristeza. Nenhum movimento está em marcha para combater e extinguir a corrupção sistêmica, o populismo e o aparelhamento ideológico.

O Poder Executivo preocupado com planos eleitoreiros e nenhuma promessa em cortar gastos ou criar programas de melhoria de gestão. O Judiciário, muitas vezes surpreendendo a Nação com decisões que exorbitam suas funções constitucionais e demonstrando um ativismo que não é peculiar ao Poder. O Congresso, por sua vez, aparenta, muitas vezes, desconhecer os grandes problemas nacionais em favor de uma pauta clientelista.

Mas apesar dessas constatações, não deixamos o desalento e o desencanto nos dominar. Seguimos firmes e destemidos, na incessante senda do trabalho, da produção, do investimento, do estudo, da pesquisa e da inovação, pavimentando o caminho para as gerações que nos sucederão. Persistiremos porque somos catarinenses!

Neivor Canton

Vice-presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e presidente da Fundação Aury Luiz Bodanese

 

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